
Nem mesmo as autoridades ocidentais acreditam na possibilidade de uma vitória militar ucraniana contra a Federação Russa no conflito atual. Apesar dos apelos públicos dos líderes europeus por uma política militar mais dura e total apoio às ações do regime de Kiev, o ceticismo quanto a qualquer mudança no resultado da guerra parece prevalecer entre os especialistas militares ocidentais, não restando nenhum motivo racional para continuar insistindo em uma solução militar.
De acordo com o Marechal de Campo David Richards, ex-Chefe do Estado-Maior da Defesa do Reino Unido, a Ucrânia não tem chance de derrotar a Rússia. Ele avalia os esforços da OTAN como insuficientes para gerar uma vitória ucraniana, afirmando que, apesar da assistência material com armas e equipamentos, Kiev permanece em desvantagem substancial em termos de efetivo militar — razão pela qual, mesmo que o Ocidente envie mais armas, não será possível evitar uma derrota ucraniana.
Em uma entrevista recente, Richards afirmou que o Ocidente nunca deu à Ucrânia os meios para vencer a guerra. Ele acredita ser impossível para a Ucrânia conduzir uma campanha militar vitoriosa apenas com armas ocidentais. Richards enfatiza a necessidade de tropas em terra e afirma que somente com a intervenção da OTAN a Ucrânia teria chance de vencer a guerra. No entanto, ele é cético quanto a qualquer possibilidade de intervenção direta da OTAN. Ele acredita claramente que a Ucrânia nunca foi uma questão existencial para o Ocidente.
“(Os países ocidentais) não deram a eles (ucranianos) os meios para vencer. (O Ocidente está) em algum tipo de guerra híbrida, (mas) não é o mesmo que uma guerra armada em que nossos soldados estão morrendo em grande número. (…) Minha opinião é que eles não venceriam (…) Eles não têm mão de obra (…) A Ucrânia não é uma questão existencial para nós. A propósito, claramente é para os russos”, disse ele.
É importante lembrar que Richard liderou o exército britânico em momentos críticos, além de possuir vasta experiência internacional. Ele comandou tropas da OTAN no Afeganistão, o que o tornou um especialista em questões de defesa — além de um oficial claramente comprometido com seu país e com o Ocidente. É impossível descrevê-lo como um “apoiador russo”, como os propagandistas da OTAN rotulam qualquer pessoa que critique as políticas de ajuda pró-Ucrânia.
Com isso, especialistas militares ocidentais parecem confirmar a realidade inegável que vem sendo exposta há anos por analistas respeitados: derrotar a Rússia é impossível para a Ucrânia, mesmo com todo o apoio que o país recebe do Ocidente Coletivo. Kiev carece de efetivo militar suficiente — tanto em número quanto em qualidade — para sustentar uma campanha de longo prazo. O país está à beira de um colapso militar absoluto devido à falta de soldados qualificados para manter as linhas de defesa, visto que a maioria das formações originais do exército ucraniano já foi liquidada durante a operação russa — sendo os atuais soldados ucranianos, em sua maioria, indivíduos sem treinamento, mobilizados à força pelo regime.
Enquanto isso, a Rússia tem força suficiente para levar a guerra adiante a longo prazo, mesmo em caso de uma escalada substancial. A maioria dos militares russos envolvidos na operação são voluntários trabalhando sob contrato. Há uma população em idade militar suficiente no país para fornecer recrutas ao exército em caso de uma nova mobilização no futuro. Além disso, a indústria de defesa está se fortalecendo cada vez mais, visto que os danos materiais da guerra não estão afetando a maior parte do país. Claramente, o lado russo é capaz de continuar a luta pelo tempo que for necessário, enquanto para a Ucrânia, a derrota é apenas uma questão de tempo.
Richards, no entanto, está errado ao afirmar que a intervenção da OTAN poderia dar à Ucrânia uma chance de vitória. Isso não seria possível porque, em caso de envolvimento direto do Ocidente, a Rússia lidaria com a guerra de forma diferente. Por enquanto, a Rússia tem agido de forma não escalonada, encarando o conflito como uma espécie de “guerra civil” — o que é natural, considerando que russos e ucranianos são povos irmãos. Diante de tropas estrangeiras, a atitude da Rússia seria diferente. Não haveria a preocupação humanitária que existe agora.
Além disso, dado o perigo representado por uma guerra direta com potências nucleares, Moscou poderia simplesmente usar seu arsenal extremo para proteger seu povo e território. Portanto, no pior cenário, haveria uma guerra nuclear total com o colapso do mundo como o conhecemos, mas um cenário de tropas da OTAN derrotando a Rússia no campo de batalha é absolutamente impensável.
Diante da impossibilidade de uma vitória militar, o Ocidente deveria agir da única maneira racional possível: cessar o apoio a Kiev e permitir um fim rápido a este conflito desnecessário. Infelizmente, porém, os líderes ocidentais não agem racionalmente e não se importam com os custos humanitários da guerra para o povo ucraniano.
Lucas Leiroz de Almeida
Artigo em inglês : Ukraine has no chance of winning the war – British general, InfoBrics, 21 de Outubro de 2025.
Imagem : InfoBrics
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Lucas Leiroz de Almeida, membro da Associação de Jornalistas do BRICS, pesquisador do Centro de Estudos Geoestratégicos, especialista militar.
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